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Gente que Pedala #5 - Elisa Neli Rehn


A biker Elisa é persistente e corajosa! Mesmo tendo há pouco recomeçado a pedalar, encarou um grande Desafio, o Audax 200 Km, agravado pelo calor e conseguiu vencê-lo!

Em depoimento, conta um pouco da sua história ciclística e também faz um breve relato deste Desafio vencido.

Espero que gostem! :)


Meu nome é Elisa, tenho 48 anos, moro em Floripa, mãe de dois filhos e com pretensões de viver até os 100 anos, e agora, preferencialmente pedalando.

Tive uma infância maravilhosa e recheada de muitas brincadeiras com patins, skate, carrinhos de rolimã e é claro, com minha bicicleta. Aprendi a andar sem rodinhas aos 6 anos com meu pai e ainda lembro dele vibrando com meu feito. Depois disso, muitas aventuras vieram e com a companhia de amigos pedalávamos distâncias incríveis descobrindo o mundo e com a liberdade que a época permitia. Isso durou até minha adolescência, quando minha família e eu nos mudamos de Toledo-PR para Floripa e minha bike não veio junto com a mudança. A partir daí não pedalei mais. Passei para uma outra fase da vida, fui a Universidade, casei, tive meus filhos e aí as prioridades mudaram. Lembro quando meus garotos começaram a andar de bicicleta sem as rodinhas e a felicidade deles, igualmente a minha há anos atrás... Incrível, mas nem mesmo isso me despertou para voltar a magrela. Segui minha vida, entrando numa nova fase, agora de muito trabalho e especializações acadêmicas, me separei, meus filhos cresceram e de repente a vida me trás uma grata surpresa. Reencontrei a bicicleta!

Pedalando concentrada durante o Audax 200 Km
Fui reapresentada a bicicleta no início deste ano pelo meu namorado Mateus. Eu estava começando a aprender a correr e confesso, estava adorando, quando meus joelhos falharam e apresentaram um quadro de condromalácia patelar. Fiquei muito triste, mas tratei e entre um diagnóstico e outro (favoráveis e negativos para bike), decidi por um dos diagnósticos e resolvi tentar a bicicleta devagar, no plano, sem forçar e só fazendo giro leve no começo, até pegar mais condicionamento. No início usava uma bicicleta emprestada do meu namorado e ia de casa até a ciclovia da Beira Mar empurrando a bike (aproximadamente 1 km), pois tinha medo de andar na rua com os carros. Pedalava uns 10 km pela ciclovia e já achava muito e voltava para casa cansada e sempre empurrando a bicicleta. Aos poucos meu condicionamento foi aumentando, assim como minha intimidade e confiança com a bike. Fui me apaixonando novamente pela bicicleta e muitas vezes me peguei pensando: por que foi que eu parei de pedalar? Passei a andar nas ruas, sempre respeitando a sinalização e com todos os equipamentos de segurança. Aí comecei a procurar na internet grupos de pedal: encontrei vários e todos muito legais. Destaco aqui o Grupo Duas Rodas, com o qual pedalo todas as segundas e o Pedala TCESC nas terças.

Interessante é que nunca fui chegada a atividades físicas rotineiras, do tipo a frequentar academia, correr, nadar ou caminhar, mas sempre fui muito ativa, fazia tudo que eu podia a pé pela cidade e sempre tive uma alimentação saudável. E de repente, estava eu pedalando quase que diariamente, disciplinada, intercalando entre treinos leves e mais puxados e pesquisando diversos assuntos relativos a bicicleta, como: modelos e marcas de bikes, roupas mais confortáveis para pedalar, tipos de selim a fim de amenizar a dor no bumbum em trajetos mais longos, tipo de alimentação adequada antes e pós treino, entre outros. A pesquisa surtiu efeito e na metade deste ano me dei uma bike de presente, que por sinal eu adoro, pois é perfeita para mim, entre outras coisinhas como acessórios e roupas próprias para ciclismo.

Quando me dei conta pedalava em média 30 km quase todos os dias e sentia falta quando não ia, ou ficava decepcionada quando o pedal terminava, pois tinha gás para pedalar mais. Enfim, foi aí que surgiu a idéia de fazer o Audax Floripa de 200 km. No início comecei a pensar quase como uma brincadeira, mas depois isso foi se tornando um desafio pessoal. Será que eu consigo? A ideia foi se concretizando e entre tantas coisas que li sobre o Audax, percebi que era algo que uma pessoa comum como eu podia fazer, porque não precisava ser uma atleta estabelecida e também permitia que eu fizesse uma média de velocidade confortável para mim e mesmo assim cumprir a prova dentro do prazo máximo estabelecido para a prova que é de 13:30 hs. Além do roteiro ser na minha Cidade, o que facilitou minha avaliação do grau de dificuldade que iria encontrar.

Até o Audax o máximo que eu havia pedalado era 60 km, então, em princípio, assustava um pouco pensar em 200 km. Ademais, fora os ciclistas que já haviam feito, a grande maioria se assustava quando eu comentava que iria fazer. Minha mãe mesmo achava que eu não deveria, que isso seria um sofrimento e que era muito perigoso. Creio que esse pensamento é porque as pessoas pensam na distância como se fossem andando ou de carro e como não andam de bicicleta, é difícil para elas perceber que andar de bike pode ser muito fácil, leve e prazeroso, mesmo percorrendo longas distâncias.

Elisa e Pereira Huli Huli!
Enfim, fiz o Audax Floripa 200 km no dia 09/12/2012 e completei a prova com sucesso e em 12:05 hs, sendo 9:40 hs pedalando e 2:30 hs divididas em pequenas paradas durante o percurso para hidratação, alimentação e pequenos descansos, além das 5 paradas obrigatórias nos pontos de fiscalização da prova. Na noite anterior à prova eu estava muito ansiosa e só consegui dormir 2 horas e, ao acordar, também não consegui me alimentar como devia em função do nervosismo. Isso pesou um pouco entre os 40 e 80 km iniciais, mas fui me hidratando e me alimentando aos poucos e consegui me recuperar bem. Os 120 km restantes foram bem melhores, até porque lá estava o Pereira Huli Huli me orientando e levantando o meu astral. O Pereira é um ciclista bem experiente em Audax, e foi através de meu colega de pedal Audálio que nos conhecemos. Ele se dispôs a me acompanhar durante a prova e isso foi determinante para meu sucesso. Estar em companhia de um ciclista experiente, calmo, positivo e alegre tornou o trajeto muito mais leve e prazeroso.

Alegria ao completar o Audax
A prova foi relativamente tranquila e tirando o sol que nos castigou ardentemente durante todo o percurso (nada que muita hidratação, água no corpo e protetor solar não resolvesse), o resto correu tudo bem, pois não tivemos nenhum problema com a bike e nem um pneu furado. Incrível também foi que não senti nenhum desconforto no bumbum a prova inteira, o que me faz concluir que acertei no selim, na bermuda e na distribuição do peso do corpo adequadamente entre selim, guidão e pedal. Como tive ótima orientação e fui disciplinada em seguí-las, respeitei ainda o meu ritmo, acordei no dia seguinte sem nenhuma dor no corpo e apenas sentindo a musculatura trabalhada. Imagina a alegria da criança.... hehehe... AUDAX Floripa 300 km que me aguarde!!!

Pedalar realmente me faz muito bem! A cada quilômetro vencido na prova fui percebendo que minha capacidade e minha energia aumentava na mesma medida que pedalava e suava. A comprovação está registrada nas minhas fotos tiradas durante o percurso. Fiquei impressionada como cheguei muito melhor do que saí. Venci a mim mesma e agora já penso em outros Audax e em outros percursos. Como me disse meu colega Audálio: “você já pensou a quantos lugares podes ir num raio de 200 km?

Hoje sei que não importa onde vou pedalar, sei apenas que minha expressão de alegria demonstrada na foto da chegada do Audax será a mesma sempre ao final de cada pedal, mudando somente a paisagem de fundo, mas me mantendo sempre pronta para olhar novos horizontes e vivenciar novos desafios.

Resta-me ainda, agradecer aqueles que me incentivaram e participaram desta empreitada, com quem agora compartilho minha vitória pessoal e nosso sucesso coletivo.

Elisa Neli Rehn

4 comentários

  1. Lindo depoimento Elisa!
    E parabéns pela conquista!
    Feliz Ano Novo e muito pedal em 2013!!

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    Respostas
    1. Q bom!
      O objetivo destes depoimentos é incentivar outras pessoas a pedalarem!

      Boas Festas e Ótimos Pedais!

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  2. Elisa, parabens. Quantos gostariam de estar em nosso lugar. Por isso a alegria de praticar tão nobre esporte deve ser encarado como uma dádiva e não como opção de vida. Outros nem querem pensar nisso e sofrem por não aceitar que isso pode mudar suas vidas.
    Voce mudou a sua, eu a minha e muita gente ja não é a mesma depois que partiu para esta grande aventura. A vida sobre dus rodas desmotorizadas. Continue em frente, até porque a bike não dá ré...eheheheh.
    Viva a vida intensamente, viva 2013 exatamente assim como voce descreve a sua. Que sirva de exemplo.
    Aguardem que o meu depô tambem vem.
    Feliz 2013 a todos.

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    Respostas
    1. É isso mesmo Aldo! A bike tem este poder de mudar, para melhor, nossas vidas! :)
      Já estamos aguardando seu depoimento.

      Abraços e muitas pedaladas em 2013! :)

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