Depois de muito tempo, consegui encontrá-la e solicitar-lhe o depoimento. Valeu à pena esperar!
Após ler a história ciclística da Hila, deu até vontade de comprar uma barraca, instalar uns alforjes, arrumar a bagagem, subir numa bike e começar a sentir o prazer de fazer viagens longas de cicloturismo! :)
Depoimento da biker Hila Rocha
Ao retornar hoje de um passeio de bicicleta para o sul da ilha, onde vi baleias-franca nadando próximo a costa, tomei um caldo de cana delicioso, almocei um talharim com funghi, desfrutei da paisagem das praias do Campeche, Morro da Pedras, Armação, Pântano do sul, Balneário dos Açores, recebo um convite para compartilhar um pouco da minha vida, mais especificamente o que se refere ao uso da bicicleta.
Tenho 57 anos, sou Farmacêutica, moro em Florianópolis e uso a bicicleta como principal meio de transporte, para trabalho, compras, passeios, viagens. Adotei este meio de locomoção há alguns anos quando percebi que era mais divertido e prazeroso, além de proporcionar autonomia, facilidade de acesso e colaborar para diminuir a poluição atmosférica. Participei de algumas competições de Mountain Bike e de desafios de longa distância mas prefiro usar a bicicleta de forma mais relaxante e mais integrada nas atividades diárias.
Pedal no Carnaval em 2013 |
Devido a falta de condições favoráveis ao uso da bicicleta em Florianópolis e região, há cerca de 10 anos passei a participar de atividades de cicloativismo através do movimento Bicicletada e da Associação dos Ciclousuários da Grande Florianópolis – Viaciclo. Houve alguma melhora na estrutura cicloviária mas o crescimento da cidade e da frota automobilística supera as tímidas iniciativas favoráveis ao uso da bicicleta. Espero que as novas lideranças que estão surgindo tenham persistência para continuar a exigir mais investimento dos governantes e mais envolvimento da sociedade.
Frequentemente passo por situações de perigo, sou alvo de comportamento agressivo dos condutores de veículos motorizados, mas há muitas pessoas educadas e gentis, o que compensa a grosseria dos demais.
Mesmo em dias de chuva e frio eu uso a bicicleta, bastando vestir roupas adequadas. Tenho uma bicicleta adaptada para trabalho e compras, com bagageiro e para-lama e outra para trajetos mais longos. Sempre tive sorte de trabalhar em locais com estrutura que permite tomar banho e guardar a bicicleta em local seguro. Atualmente meu local de trabalho é muito próximo da minha casa e mesmo no verão é só ir pedalando devagar para não precisar de banho. Esta é uma das razões que as pessoas alegam para não usar a bicicleta, alegam que chegam suados no trabalho, mas no inverno também não usam a bicicleta porque dizem que está muito frio.
Curtindo viagem de Cicloturismo |
Viagem para Urubici |
Viagem pelo Chile |
Pedalando em Portugal |
Nos Cânions na divisa SC/RS |
Com a Bicicleta e a Barraca durante Cicloviagem, na Praia do Rosa Norte, onde avistou baleias |
Quando pedalei nos Andes foi maravilhoso, paisagem deslumbrante, língua diferente, comida diferente. No sul do Chile foi o êxtase, natureza preservada, poucos carros, mares, rios , vulcões, glaciares. O desafio físico foi grande devido as condições das estradas de rípio , ao peso da bagagem, ao frio e a chuva, mas foi tudo muito gratificante, muito gostoso, a paisagem valia o esforço das subidas, a comida recuperava a energia, o vinho ajudava a dormir e conheci muita gente simpática e agradável.
Em Santa Isabel |
Outras viagens que fiz foram na região do litoral do Paraná, para onde fui pedalando desde Florianópolis por caminhos alternativos e depois pedalei um pouco pelo interior do Paraná.
A última viagem que fiz foi na serra da Mantiqueira, que divide São Paulo e Minas Gerais, um lugar lindo com altimetria considerável, estradas de terra, cidades pequenas, pessoas simples, comida boa, pousadas aconchegantes, frio gostoso, ar puro, água da mina.
Pedalando do Chile para a Argentina |
Caminho Primitivo na Espanha |
Na Ilha de Cuba |
O que acho mais gostoso é sair sem compromisso, ir até uma praia, tomar um caldo de cana, almoçar ou jantar num lugar sossegado, na beira da praia, sem hora de voltar ou de sair. Por isso geralmente saio sozinha, na hora que estou a fim, sem programação, assim como fiz hoje, voltando ao que falei no começo desta estória. Compromissos já temos no trabalho e família, hora marcada é para médico e dentista.
Gosto de conversar sobre viagens e sempre que alguém pede eu tenho muita disposição em fornecer informação, indicar locais, pousadas, roteiros, até ir junto as vezes. Quero que todos tenham experiências tão boas como as que tive nas viagens que fiz.
Palmas das Gaivotas - SC, com amigos |
Circuito Vale Europeu |
Muito linda sua história de vida sobre bicicletas.
ResponderExcluirAprendemos a pedalar da mesma forma: em bicicletas grandes passando a perna no meio do quadro e usamos bicicletas emprestadas na infância. Como eu quero ver esta cultura do uso da bicicleta como elo socializante entre as pessoas, entre as gerações. Parabéns!!!
Espetacular!
ResponderExcluirCom certeza você serviu de inspiração para mim e para a Thaís em nossa aventura para o Oeste do PR.
Realmente, quando lemos um relato como este a vontade é de subir na bike e viajar, mesmo sendo 11 horas da noite, eheheh.
Irado!
ResponderExcluirSempre que a vejo passando de bike é visível em seu rosto a alegria de estar pedalando, porém jamais poderia imaginar o tanto de vida ciclística que ela guarda. Pessoas assim deveriam existir muitas mais neste mundo, como inspiração ou exemplo, deu outro sentido ao verbo pedalar.
Um grande abraço!
Ila é o melhor exemplo da pessoa que supero-se da etapa em que os demais fican atrapalhadas no sistema. Parabéns minha amiga e continua nessa trilha.
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