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Pedaladas que Curaram

Estudante deixa remédios de lado e cura depressão com pedaladas

Larissa Paiva encontra no ciclismo motivos para voltar a sorrir. Com fim da doença, ela se torna atleta, entra na faculdade e consegue emprego

Fonte: Globo Esporte - por Maritza Borges - Araxá, MG

Há três anos, Larissa Paiva, 23, passa grande parte do dia sobre duas rodas. Mas antes não era assim. O desemprego e a falta de ânimo para realizar qualquer atividade, até mesmo conversar, eram suas companhias em uma rotina solitária dentro da própria casa, onde vivia com a família. Era o estágio já avançado de uma doença que muitas pessoas enfrentam, mas poucas conseguem vencer: a depressão. O caminho mais fácil, sem esforço e rápido para se livrar do problema ficou ao seu alcance, após uma consulta médica. Mas, Larissa sabia que os medicamentos não eram os únicos meios para lhe salvar de uma vida triste. O receio de tornar-se dependente, despertou a jovem para o esporte. E o ciclismo foi o responsável pela grande transformação do seu futuro.


Larissa Paiva (Foto: Arquivo Pessoal)
Em julho de 2009, Larissa mudou-se para Uberaba para iniciar a faculdade de educação física na Universidade Federal do Triangulo Mineiro. Mas, devido a um problema pessoal, em setembro do mesmo ano, os primeiros sintomas da depressão começaram a surgir. No início ela pensou que seria uma fase e logo passaria, mas a vontade de ficar só e isolada cresceu. Ela deixou a faculdade e voltou a morar com a mãe em Araxá. O contato com o mundo já não era mais prioridade para ex-gerente de uma empresa de distribuidora de bebidas. O problema pessoal tornou Larissa prisioneira na sua própria casa. A única ajuda que ela conseguiu pedir foi à mãe.

- Ela me levou ao médico e ele receitou antidepressivos, mas fiquei com medo de ficar dependente. Um dia comentei esse problema com um amigo e ele me convidou pra andar de bicicleta. Eu não tinha, mas logo consegui uma emprestada e acabei gostando da sensação. Passei a pedalar com mais frequência, sempre acompanhada. O médico ficou um pouco preocupado, porque eu não estava consumindo os remédios e continuou a me acompanhar. Foram cerca de dois anos até eu conseguir me recuperar totalmente – contou Larissa.

Larissa passou de admiradora a competidora

Com a melhora, surgiu ânimo e com ele o emprego. Mas Larissa não queria deixar a companhia da magrela de lado. Resolveu ir de bicicleta para o novo trabalho e percebeu que, pedalando, poderia aproveitar mais o dia.

- Transformei a bicicleta como meio de locomoção e fui vendo que podia andar mais vezes durante a semana – disse.


De admiradora a competidora (Foto: Arquivo Pessoal)
Para Larissa, olhar para atrás é ver uma sequência de vitórias em sua vida. Primeiro conseguiu se livrar da doença através do esporte, depois voltou a cursar a faculdade de educação física e, agora, coleciona títulos em competições de mountain bike. De exercício para combater a depressão, o ciclismo se tornou hobby e ela se profissionalizou. A mineira foi prata na Copa Internacional de Mountain Bike, na Costa do Sauípe; 4º lugar no campeonato brasileiro em Juiz de Fora e campeã da Copa Inconfidentes de MTB, em Itabirito. Larissa ainda compõe a Tripp Aventura, equipe de MTB de Belo Horizonte.

Após três títulos, Larissa faz parte de grupo de BH.

- O mundo nunca acaba pra ninguém! Se uma situação cai em nossas mãos é porque temos capacidade de superar. Hoje tenho objetivos e consigo me relacionar melhor com as pessoas. Hoje, sei o que quero e onde quero chegar: ser campeã brasileira da elite feminina e também participar de campeonatos mundiais. Mostrar meu trabalho pelo Brasil e pelo mundo – finalizou.

Entenda como o exercício tem efeito próximo ao de medicamentos no organismo

Segundo o médico psiquiatra Tadeu Felipe Pires, é possível que o exercício físico tenha resultados semelhantes a medicamentos no organismo humano.

- A medicação para depressão vai aumentar um neurotransmissor no cérebro, a serotonina. O exercício físico é capaz de fazer isso, porém em menor grau que o remédio, daí pode ser que o tratamento se estenda, mas com o acompanhamento profissional, tem grandes chances de dar certo – explicou.

O psiquiatra ainda afirma que é comprovado outros meios que auxiliam no tratamento da depressão.


- Além do exercício físico, também há a reeducação alimentar e em alguns casos até relaxamento podem ter resultados positivos. A orientação profissional vai apontar em qual grau de depressão está o paciente. Tratamentos alternativos como exercícios físicos, são indicados para casos mais leves – comentou.

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