Grandes nomes do ciclismo se manifestam após primeiro caso de doping mecânico confirmado pela União Ciclística Internacional
Fonte: Prólogo Ativo
A notícia sobre o primeiro caso de doping mecânico confirmado pela União Ciclística Internacional (UCI) causou um alvoroço no meio do ciclismo. Desde a constatação, o fato não para de crescer e ganhar novos capítulos, a ponto de grandes nomes do ciclismo virem a público manifestar sua indignação e cobrar mais rigor na fiscalização por parte do seu órgão máximo. Expoentes do esporte no passado e também na atualidade, eles acreditam que o excesso de tecnologia, aliada às tentativas de burlar as regras, pode encobrir a essência do ciclismo, que deve ser restrito à disputa física e técnica.
Para Mauro Ribeiro, único brasileiro a ganhar uma etapa do Tour de France, o excesso de glamour e as grandes premiações fazem com que as equipes cada vez mais busquem se sobressair, mesmo que para isso precisem se utilizar de artifícios ilegais. “Não é surpresa para mim a notícia do motor encontrado na competição na Bélgica. Tem muita gente que quer ganhar a qualquer custo. Acho isso deplorável. É preciso proteger as raízes do ciclismo”, disse Mauro, que competiu profissionalmente nas décadas de 1980 e 1990, quando a ideia de doping mecânico ainda nem era cogitada. “Na nossa época, a bike de carbono era uma revolução, chegava a pesar 9 kg e o par de rodas 1,4 kg. Hoje, a tecnologia permite que a gente encontre bicicletas de 4 kg e rodas com 400 g. Por que querer tirar vantagem se hoje os equipamentos são tão bons?”, ressalta.
Considerado o maior nome do ciclismo de todos tempos, o belga Eddy Merckx também se manifestou sobre o caso, mas de forma mais dura. Para ele, que detém a impressionante marca de 10 títulos nas três Grandes Voltas (Giro d’Itália, Tour de France e Vuelta a España), atletas pegos fazendo uso de doping mecânico deveriam ser banidos do esporte para sempre. “O que eles querem fazer é motociclismo. Deveriam andar com o Valentino Rossi (piloto italiano de motociclismo), e não em competições de ciclismo”, declarou Merckx, que está nos Emirados Árabes para acompanhar o Tour de Dubai que começa nesta quarta-feira (3 de fevereiro).
Já o britânico Chris Froome (Sky), um dos maiores nomes do esporte na atualidade, pediu mais rigor da UCI na fiscalização, lembrando que ele já teve seus equipamentos revistados pelo menos uma dúzia de vezes, inclusive durante o Tour de France 2015, edição na qual se sagrou campeão. “Eu espero que as autoridades sejam duras com casos de controle de motores e outros equipamentos que são considerados ilegais, e os tratem como casos de doping mesmo”.
Entenda o caso
No último domingo (31), a UCI comprovou a suspeita de um motor instalado na bicicleta da ciclista belga FemkeVan den Driessche, que competia na categoria sub-23 do Mundial de Cyclocross, disputadoem Zolden (Bélgica). Na terça-feira (2), o ex-ciclista belga Nico Van Muylder admitiu ser o dono da bicicleta irregular e que ela foi entregue de forma equivocada para Femke, que precisou trocar de equipamento no meio da prova, por causa de problemas mecânicos.
Van Muylder, que é amigo da família de Van Den Driessche, disse que não sabia da existência de um motor na bicicleta, e que jamais a emprestaria à atleta se tivesse ciência. Mesmo com a confissão, a UCI prevê que a Op Maat-Nodrugs, equipe da belga FemkeVan, seja a principal responsabilizada, visto que tem por obrigação fiscalizar se todos os equipamentos e atletas estão de acordo com as regras da competição. Ainda de acordo com o órgão máximo do ciclismo, que desde 2010 vem intensificando a fiscalização contra irregularidades tecnológicas, os belgas poderão ser punidos com uma multa de 200 mil francos suíços, suspensão de até seis meses ou desclassificação do Mundial.
Por elciopadovez
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