Muito utilizadas como meio de transporte nas cidades, as bikes elétricas são agora a nova aposta dos fabricantes para o Mountain bike
Fonte: Prologo Ativo
Por Gustavo Figueiredo
As bicicletas elétricas existem há mais de um século. Para ser mais exato, a primeira patente que se refere a uma magrela com motor e bateria data de 1895 e pertence ao norte-americano Ogden Bolton Jr., que criou uma bike com cubo propulsor bastante semelhante ao dos modelos atuais. Hoje em dia é muito comum encontrar bicicletas elétricas sendo utilizadas principalmente nas cidades como meio de transporte, mas essa tendência parece ter rompido o limite das ruas e da mobilidade urbana, chegando ao esporte de alto desempenho com as chamadas e-MTBs ou mountain bikes elétricas.
A ideia de mountain bikes com propulsão elétrica surgiu há alguns anos, como aposta de pequenos fabricantes dotados de poucos recursos. Com isso, os primeiros modelos não passavam de MTBs convencionais adaptadas com kits elétricos. Os projetos apresentavam limitações básicas, como baterias posicionadas nas partes altas do quadro, prejudicando o centro de gravidade, além de motores volumosos e pesados, com suspensões que não levavam em conta a distribuição do peso adicional.
Com o recente interesse de grandes fabricantes pela novidade, no entanto, estão surgindo modelos especificamente desenvolvidos para a proposta, com motor e bateria integrados de forma discreta, sem comprometer o centro de gravidade da bike e tecnologia realmente capaz de ajudar o ciclista a enfrentar obstáculos que seriam intransponíveis com uma MTB comum.
Com essa evolução, as e-MTBs se tornaram uma das maiores apostas dos fabricantes para os próximos anos. Contudo, assim como ocorreu com as bicicletas urbanas elétricas, é possível que esses novos modelos enfrentem alguma resistência antes de conquistarem seus fãs. Afinal, para muitos, o que mais caracteriza o mountain bike como esporte é justamente a técnica e a força física empregadas para superar os obstáculos. Para os fabricantes que estão investindo na ideia, no entanto, a novidade é voltada principalmente àquelas pessoas que gostariam experimentar as trilhas mas não estão tão bem condicionadas para encarar as subidas e obstáculos ou acompanhar os companheiros de pedal com melhor preparo, de modo que o foco principal é a pura diversão.
Futuro sem limites
A cada dia que passa o mountain bike ganha mais diversidade. Se de um lado temos as máquinas de baixo peso e alto rendimento do cross country, do outro temos verdadeiras motos sem motor para o downhill. Com a chegada de novos padrões de rodas como o 650+, que utilizam aros 27,5’’ e pneus de 3’’ ou as fatbikes, as magrelas estão ganhando acesso a lugares completamente novos. Certamente, uma ajuda elétrica seria muito bem-vinda ao pedalar estes modelos ladeira acima ou em situações de neve profunda ou areia macia.
Além disso, alguns sistemas de controle de bateria já são capazes de funcionar como ferramenta de navegação, oferecendo dados de GPS em displays. Até mesmo o Strava, popular aplicativo que mede o desempenho de atletas, já prometeu uma categoria especial para e-MTBs. O recurso, todavia, ainda não foi lançado e permanece sendo um mistério. Com essas soluções somadas ao alcance maior de um veículo elétrico, explorar novas trilhas certamente torna-se uma experiência muito mais fácil e duradoura — pelo menos enquanto houver energia na bateria da bike ou na sua.
Por isso, seja você um praticante de downhill, enduro, cross country ou maratona, é bom estar preparado, pois encontrar um ciclista “motorizado” na trilha é questão de tempo. E pela velocidade da evolução desta tecnologia, provavelmente será mais rápido do que você imagina.
Confira alguns modelos que já embarcaram nessa nova tendência do MTB.
Specialized Turbo Levo
Specialized Turbo Levo |
Além da bateria que pode ser carregada em apenas 3,5 horas, a bike ainda pode ser controlada por um aplicativo chamado Mission Control. Com ele você pode definir tempo, distância do pedal ou destino, otimizando automaticamente a potência do motor e o consumo de bateria. A bike desembarcou no Brasil em março deste ano, com os modelos Turbo Levo FSR Comp 6Fattie (R$ 47 mil) e Turbo Levo FSR Expert 6Fattie (R$ 56 mil).
Cannondale Tramount 29er 1
Cannondale Tramount 29er 1 |
Para completar, o quadro conta com suportes para para-lamas e bagageiros, eixo 12 mm para garantir a rigidez e as tradicionais soldas suaves da Cannondale. Além disso, a geometria é a tradicional da marca, com traseira bem curta para proporcionar bastante agilidade em acelerações e subidas.
Embora seja bastante popular na Europa, o modelo ainda não tem previsão para chegar ao Brasil.
Santa Cruz V10 E’Go
Santa Cruz V10 E’Go |
A alma da bike é uma peça de alumínio que faz a interface entre o motor e a transmissão da bike. Para se ter ideia, o motor pode impulsionar a magrela a mais de 70 km/h, tudo controlado por um acelerador como os de moto. Diferentemente das outras e-MTBs citadas na matéria, além das opções de pedal assistido e motor desligado, a E-Rides Santa Cruz V10c E’Go também pode ser movida somente pelo motor elétrico — para quem curte um downhill, é como se tivesse um teleférico embutido na própria bike, que faz toda a diferença na hora de subir até a pista. A Kranked ainda não tem representação oficial no Brasil, portanto o kit só pode ser adquirido fora do País ou por importação particular.
(matéria publicada originalmente na revista VO2bike ed.112 – NOV/DEZ 2015)
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